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quinta-feira, 26 de outubro de 2017

O ECO DO "EU VOTO SIM"


Tudo isso é parte do Golpe contra a Democracia  
(Por Dr. Gilton Sampaio de Souza)


Não sei por quê  discutimos ainda essa questão da vitória de Temer e da compra de deputados, pois Temer deu o golpe com o apoio de grande parte da população. E quem foi às ruas para tirar Dilma Rousseff é tão responsável pela compra de votos descarada que está acontecendo como os que defendem abertamente que Temer permaneça Presidente.

A raiva da classe média não é contra corrupção; é contra pobre, mulher e PT no poder.

Homem rico, branco e não-petista pode roubar à vontade. Nenhum pato ou pateta irá às ruas contra corrupção. Corrupção de branco tradicional pode e é legal.

No RN, a região do Alto Oeste foi abandonada pelos parlamentares federais, tudo para atender financiadores do golpe, que querem grandes obras de cimento, concreto e percentuais em Natal. Não ter dinheiro para Canal do Apodi com águas do São Francisco é parte do acerto de contas do golpe. Para muitos, valeu a pena tirar Dilma. Ficarão ainda mais ricos.

Mesmo reclamando, nós não temos coragem de enfrentar os poderosos empresários que financiam e mandam em alguns deputados deputados federais e senadores.

Aqueles que esquecerem do Alto Oeste serão os mais bem votados aqui. Somos como gado manso. Bois domados.

Mas vamos às lutas. Sonho um dia com nosso  povo tendo memória e auto-estima elevada. Às vezes, sinto que grande parte ainda se comporta como colonizada ou de casta inferior. Cabe aos ricos mandarem. E a eles é permitido roubar.

Viva, Temer Presidente!
Dilma Rousseff e o PT foram tirados do Poder. Brasil está livre de corrupção.

O Brasil está muito melhor.

Brasil frente pra!
🦅🦅🦅🦅🦅🦅

sexta-feira, 20 de outubro de 2017

MULHERES AUTO AFIRMADAS INDÍGENAS DE APODI PARTICIPAM DE III FÓRUM DE MUSEOLOGIA INDÍGENA NO PIAUÍ



As indígenas Lúcia Tavares e Socorro Marinho estão participando do III Fórum Nacional de Museus Indígenas do Brasil, realizado de 19 a 21 de outubro de 2017, na Comunidade indígena de Nazaré, povo Tabajara (Lagoa de São Francisco, Piauí). 


Foto do Instagram de Socorro Marinho


Depois de acontecer nos estados do Ceará (Museu dos Kanindé, aldeia Sítio Fernandes, Aratuba-CE, maio de 2015) e de Pernambuco (Museu Kapinawá, aldeia Mina Grande, Buíque-PE, agosto de 2016), a terceira edição do Fórum Nacional de Museus Indígenas ocorrerá na comunidade Nazaré do povo Tabajara, no município de Lagoa de São Francisco, localizado no sertão do Piauí, o último Estado brasileiro no qual o silenciamento sobre a presença indígena foi quebrado pelas vozes dissonantes que bradaram pela resistência e continuidade de uma presença secular.

A realização do Fórum é de responsabilidade da Rede Indígena de Memória e Museologia Social do Brasil, com o apoio do Núcleo e Estudos e Pesquisas sobre Etnicidade/Universidade Federal de Pernambuco (NEPE-UFPE), Rede Cearense de Museus Comunitários, Associação Nacional de Ação Indigenista/ANAÍ-BA, Governo do Estado do Piauí, Instituto de Pesquisa e Formação Indígena-IEPE.

Lúcia Tavares e Socorro Marinho estão representando o Museu Luiza Cantofa, o único museu indígena do Rio Grande do Norte, fundado por Lúcia Maria Tavares através da Associação Centro Histórico Cultural Tapuias Paiacus da Lagoa do Apodi, que abriga mais de 50 famílias já autoafirmadas como remanescentes dos índios Paiacus que habitavam o território apodiense na época da colonização. 

A viagem das indígenas foi possível em razão da parceria existente entre Prefeitura Municipal de Apodi e o Centro Histórico Cultural dos tapuias. O povo que já se autointitula como indígena, agradece a representação e espera um retorno com muitos conhecimentos acerca da museologia indígena no Brasil. 

Por Mônica Freitas 

quinta-feira, 19 de outubro de 2017

BREVE HISTÓRIA DO BAIRRO MALVINAS – APODI/ RN

O bairro Malvinas, situado do lado Sul da cidade de Apodi, ficando às margens da lagoa, não tem existência tão antiga. Trata-se de um bairro ainda muito novo, assim como todos os outros bairros que instituem a zona urbana consolidada da cidade.


O referido bairro é localizado hoje em um espaço com vista privilegiada, após a construção do terminal turístico da Lagoa do Apodi. A imagem abaixo mostra a vista aérea do local, uma paisagem de encantar os olhos quando a lagoa tem água em seu leito. 

Foto aérea do Bairro Malvinas – Apodi/RN

A imagem acima mostra exatamente onde se situa e como se caracteriza o bairro Malvinas na atualidade. Mas, este espaço territorial de Apodi nem sempre se caracterizou desta forma. Quando comparamos a foto acima com a imagem a seguir, é possível perceber a grande diferença do espaço antes da construção do chamado Calçadão da Lagoa do Apodi. Observemos a imagem abaixo:

Foto do final da rua Tiradentes, local denominado pelos moradores mais velhos de Apodi, como “Matutas”, hoje, abriga o final do Calçadão da Lagoa, do lado Oeste.



Comparando as duas fotos, podemos perceber quão grande a diferença entre as duas imagens, mesmo não se sabendo exatamente qual o ano da segunda foto. Vemos seguramente que o espaço onde se situa “As Malvinas”, como é conhecido este local de Apodi, era desabitado, quase sem nenhuma residência, embora tenha sido este local ambicionado ferrenhamente pelos colonizadores por causa das terras férteis das margens da Lagoa. Nas adjacências da lagoa viviam os índios Tapuias Paiacus, primeiros habitantes do nosso município. Ao serem retirados da aldeia, as terras das margens da lagoa foram ocupadas por curraleiros, isto é, por criadores de gado, que ali construíram currais e passaram a plantar nas chamadas “vazantes” quando a lagoa vai estiando a água.   Na época da foto acima, os índios já não habitavam mais o lugar, pois foram desaldeados pelos portugueses entre os séculos XVIII e XIX.

Para saber a história de como se formou o bairro Malvinas, fizemos uma entrevista com um dos moradores mais antigos do bairro, o senhor José Francisco da Costa, conhecido por Quinca de Zé de Doninha, que era o seu pai José Cipriano da Costa. Quincas é pescador e também agricultor e reside na Travessa Nonato Mota, desde 1977. Segundo ele, esta foi a primeira rua das Malvinas e o nome é em homenagem ao historiador Nonato Mota. Observe-se a imagem abaixo da referida rua:


Travessa Nonato Mota, bairro Malvinas.
Fonte: Página do Portal Tudo de Apodi no Facebook. 


Relata que a primeira casa, era de taipa, pertencia a um senhor chamado Lucas Marinho. Segundo seu Quinca, sua família veio morar às margens da lagoa no ano de 1960. Na época somente existiam três casas de taipa neste local e ficavam lá embaixo, no final de onde hoje é a Rua Antônio Moreira. Eram justamente a casa de Lucas Marinho, a de outro senhor que ele nominou de Lamundinho e a da sua família. Ainda na mesma década de 1960, seu pai construiu a primeira casa de alvenaria do lugar. Segundo o entrevistado, ali só existiam muitos barreiros, as casas eram construídas em cima dos altos, porque tinha muito buraco.

Sobre o nome “Malvinas”, que foi atribuído ao local e como hoje é conhecido, o senhor Quincas informa que não sabe quem batizou o bairro com esse nome. Mas, enfatiza que foi mais ou menos no início da década de 1980, quando estava havendo uma guerra no mundo, denominada de “Guerra das Malvinas”, e ali naquele espaço de Apodi, havia muitas brigas, pois a rua já tinha muitas casas, a população do bairro havia se ampliado e ocorriam muitas discussões entre vizinhos. Desta forma, os próprios moradores do local começaram a denominar de Malvinas, e assim ficou sendo chamado até hoje.

Por Mônica Freitas 



DESDOBRANDO O DESMEMBRAMENTO DE APODI DO MUNICÍPIO DE PORTALEGRE/ RN


Se formos nos deter em estudar a história de diversos municípios da região do médio e do alto Oeste Potiguar, não há como não aparecer o nome que é dado hoje ao nosso município, Apodi. E isto ocorre porque, quando se iniciou o processo de colonização do sertão do Rio Grande - como era chamado o território da capitania do nosso Estado no século XVII –, a Missão do Apodi era única dos sertões entre cinco que já haviam sido implantadas em todo o território, só que no litoral.

Outra palavra que não falta nessa história é a que identifica a tribo que aqui vivia, a dos índios paiacus. A referida missão foi fundada em 1700. Segundo Monteiro (2010, p. 59), os jesuítas trabalhavam as suas atividades “em meio às lutas que se travavam entre os conquistadores portugueses e os aguerridos indígenas do sertão, que resistiam à tomada de suas terras e à sua escravização pelos brancos”.

As lutas às quais se refere Monteiro (2010) eram batalhas provenientes de uma guerra que os colonizadores preferiram chamar de “Guerra dos Bárbaros”. O fato é que, pelo que se observa, a missão jesuítica e a colonização nos sertões do Rio Grande do Norte se iniciaram por volta de 1.680 e teriam como prazo para finalização dessa primeira fase o ano de 1712. Sendo somente iniciada no ano de 1734, por uma outra ordem religiosa, a dos Capuchinhos. Esta foi extinta pela coroa portuguesa em 1761. A extinção atendeu aos pedidos dos criadores de gado locais, que acusavam os índios de roubo. No entanto, os relatos históricos deixam fortes marcas de que havia mesmo era uma inquietação dos colonos com as constantes rebeliões indígenas que ocorriam devido a cobiça daqueles pelas terras às margens da grande lagoa que havia dentro das terras da missão, a conhecida Lagoa do Apodi.

Nesse primeiro desdobramento, podemos nos inteirar de que os objetivos de colonizar o sertão do Rio Grande do Norte se iniciou no território apodiense e que os índios paiacus estiveram o tempo todo participando enquanto personagens dessa história. No percurso da missão, haviam sempre batalhas envolvendo índios e colonos. Os primeiros defendendo seu direito à terra que já habitavam; os segundos tentando invadir essas terras, pelo fato de verem nelas a possibilidade de estabelecer suas atividades agropecuárias para fins de enriquecimento.

Nesse percurso da missão jesuítica pelo sertão do Rio Grande, mais precisamente pela região do médio e alto Oeste, se inseriam outros territórios que hoje abrigam diversos outros municípios. Toda a região serrana também fazia parte. A serra, que na época foi denominada de “Cabeços do Pody”, e que em outros momentos recebeu o nome de “Serra dos Dormentes”, hoje denominada de “Serra de Portalegre” era também espaço territorial envolvido no percurso da missão.

Portalegre, estava lá como território, no desenrolar dos anos de 1680, quando Manoel Nogueira Ferreira e sua família chegam às terras do Apodi para desbravá-las. A família Nogueira foi a primeira a ser beneficiada com as Sesmarias que demarcavam as terras desde Assu a Apodi. Com ele vinham “seu irmão João Ferreira Nogueira, Baltazar Nogueira e mais doze posseiros” (DIAS, 2010, p. 17). Neste momento, a Ribeira do Apodi, que fazia parte da missão, e era denominada desta forma pelo fato de que os colonos sempre tinham preferência por terras situadas nas encostas das ribeiras. Era relevante ter água e terra fértil para a lavoura e a criação do gado (LOPES, 2003). Apodi tinha tudo isso.


Porém, nos períodos de grandes enchentes, observando-se o cotidiano dos índios, eles subiam às serras, para fugir das águas que invadiam todo o território baixo (SOUZA, 2007). A serra, Cabeços do Pody era uma das que compunham esse trajeto. Por isso, foi usada pelos colonos também. Além de ser um território onde haviam terras férteis, tinha um olho d’água e por isso servia para plantação e criação de gado e deste fato nasce o desejo de conquista dos colonos, havia ainda a condição de fuga que urgia à família Nogueira, devido aos conflitos com os indígenas. Manoel Nogueira almejava mais terras e fugir do ambiente hostil, portanto subiu “a serra dos Cabeços do Pody no intuito de procurar um local tranquilo onde pudesse finalmente restabelecer suas posses para criar e plantar” (DIAS, 2010, p. 18). No mapa abaixo, podemos observar todo o contexto territorial envolvido na missão de colonização portuguesa:

Mapa – Os marcos da colonização portuguesa na Serra de Portalegre.
Fonte: Dias, Thiago Alves. Do livro: Portalegre do Brasil: História e Desenvolvimento, 2010.

É possível visualizar no mapa, a localização das ribeiras setecentistas. Vemos de forma evidente “a Ribeira do Apodi com seu principal rio e afluentes, assim como, a localização dos 'Cabeços do Pody'” (DIAS, 2010, p.18). Essa condição da Serra de Portalegre rendeu ao território a criação de uma vila, composta por colonos e índios.
O fato é que, a Serra dos Dormentes, que por volta de 1730, foi requerida pelos herdeiros de Manoel Nogueira, em que consta os nomes de Margarida de Freitas, Antonia de Freitas e registros de que outros membros da família residiam na tal vila que ora evoluía na serra. Houve retomada ao se oficializar a sesmaria, uma vez que nesta época a maior população ali naquelas terras era dos “pegas”, denominação de um dos subgrupos tapuias. As terras foram retomadas com auxílio dos paiacus e ao que indicam os documentos, tanto com fontes oficiais e não oficiais, destes citam-se os impressos nos manuscritos de Nonato Mota, há indícios de que toda a Ribeira na qual atuava a missão colonizadora estavam envolvidos os territórios de Apodi e Portalegre.
A Vila de Portalegre foi uma das primeiras a ser criada no Estado do Rio Grande do Norte. Segundo Lopes (2010) a fundação de vilas no Rio Grande do Norte teve início em 17 de julho de 1760, foram criadas inicialmente duas vilas, sendo a de Extremoz e a de Arez. Segundo Dias (2011) das sete vilas primeiras, algumas destas originadas de aldeamentos indígenas: Vila de Extremoz (1760), Vila de Arez (1760), Vila de Portalegre (1761), Vila de São José do Rio Grande (1762) e Vila Flor (1769); outras duas ordenadas a partir de núcleos onde viviam colonos luso-brasileiros, nestas se inserem a Vila nova da Princesa (1766) e a Vila Nova do Príncipe (1788).
É dessa confirmação de criação das primeiras vilas, em que Portalegre aparece como uma das primeiras vilas, e sendo um território envolvido na missão de colonização da Ribeira do Apodi, o espaço em que hoje está fixado o município de Apodi, na época era pertencente à Vila de Portalegre. Segundo Dias (2010) um dos fatos que fica claro neste contexto da criação das primeiras vilas do nosso Estado, é que, sendo característico da época da colonização, que se criando a vila criava-se também o município, Portalegre foi então politicamente fundado em 1761, e não em 1738, como diz o autor, que é comemorado atualmente.
Já no que se refere ao município de Apodi, no ano de criação de Portalegre, era um povoado. Dias (2010) fundamentado em Gomes (1998) em sua tese de Doutoramento, deixa muito claro que o município de Apodi foi desmembrado de Portalegre no ano de 1833.

Com o passar do tempo as novas povoações e localidades que vão se formando, realizaram sua emancipação política e territorial de Portalegre, ainda no período imperial se emancipam que significa deixar a jurisdição de Portalegre, as localidades de Apodi (1833), Martins (1841) e Pau dos Ferros (1856) se tornando municípios e gerando novas localidades (DIAS, 2010, p. 102).


Outro pesquisador da nossa história, que também deixa claro esse acontecimento é Nonato Mota em um de seus manuscritos. Guerra (1995) utilizando-se das informações de um dos textos daquele historiador esclarece que o crescimento do lugar foi possível após a vinda de um dos padres jesuítas de nome Felipe Bourel. Foi este que fundou a Missão de São João Batista na Aldeia do Podi[1]. O objetivo desta ação era catequizar os índios Tapuias Paiacus e Janduis. O ano de elevação de Apodi à categoria de Vila foi 1833. Porém, a confirmação é dada pela lei provincial nº 18 de 23 de março de 1835, já a mudança para a categoria de cidade foi consolidada pelos termos da Lei nº 988 de 5 de março de 1887.
Vemos, portanto, que há três datas a se considerar. A primeira diz respeito à fundação da vila, que ao se fundamentar no dito por Dias (2010), de que sendo vila já ocorre a elevação a município, Apodi se emancipou de Portalegre no ano de 1833. A data de confirmação pela Legislação foi que ocorreu em 1835 e a cidade foi fundada em 1887. As datas têm, nos últimos anos sido bastante contestadas, não pela sua veracidade, mas por deixarem confusa a real data da emancipação política de Apodi. A comemoração de tal fato, sempre se dá com referência ao ano de 1835, mas já existe quem conteste, afirmando que a data correta seria a de 1833.
Diante desses questionamentos, ao que parece, é necessário que o Poder Legislativo do município se pronuncie sobre o assunto, visto que, seria, nesse caso, oportuno debater a interpretação mais adequada e assim criar uma lei mais atualizada para fixar a data de aniversário do município.

Por Mônica Freitas
17 de outubro de 2017
REFERÊNCIAS


DIAS, Thiago Alves. Dinâmicas mercantis coloniais: capitania do Rio Grande do Norte (1760-1821). Dissertação (Mestrado em História), fls. 274. Natal: UFRN, 2011.  

_______. A invenção de uma emancipação que nunca existiu: Portalegre e o dia 29 de março de 1938. In: CAVALCANTE, Maria Bernadete; DIAS, Thiago Alves (Orgs). Portalegre do Brasil: história e desenvolvimento. Natal, RN: EDUFRN, 2010.

_______. Os marcos da colonização portuguesa na Serra de Portalegre (séc. XVII a XVIII) A invenção de uma emancipação que nunca existiu: Portalegre e o dia 29 de março de 1938. In: CAVALCANTE, Maria Bernadete; DIAS, Thiago Alves (Orgs). Portalegre do Brasil: história e desenvolvimento. Natal, RN: EDUFRN, 2010.

GUERRA, Valter de Brito. Histórias e Vultos de Minha Terra. Mossoró: Coleção Mossoroense Série C, Volume CCCXIII, 1995.

LOPES, Fátima Martins. A Vila de Portalegre: povos e instituições. In: CAVALCANTE, Maria Bernadete; DIAS, Thiago Alves (Orgs). Portalegre do Brasil: história e desenvolvimento. Natal, RN: EDUFRN, 2010.

_______. Índios, colonos e missionários na colonização da Capitania do Rio Grande do Norte. Mossoró/ RN: Fundaçao Vungt-um Rosado, Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte, 2003. 
  
MONTEIRO, Denise Mattos. Portalegre: notas para uma história. In: CAVALCANTE, Maria Bernadete; DIAS, Thiago Alves (Orgs). Portalegre do Brasil: história e desenvolvimento. Natal, RN: EDUFRN, 2010.

SOUZA, Ana Cláudia Bezerra de. Aspectos da historiografia da cultura sobre o Brasil Colonial: In: FREITAS, Marcos César de. Historiografia brasileira em perspectiva. São Paulo: Contexto, 2007. 


[1] Segundo a tradição, o rio e a região eram conhecidos pelo nome de Podi, em referência ao índio Potiguassu e, na decisão jurídica a respeito da posse das referidas terras, a palavra Podi passou a ser Apodi, por questão de pronúncia. In: <http://www.apodiatualizado.com.br/2010/01/sobre-apodi-rn.html> Acessado em 09 de agosto de 2013.

OESTE POTIGUAR DESVALORIZADO

A reação dos sedentos a não aprovação do eixo Apodi da Transposição. Um projeto que atende ao apelo dos que sentem a falta d'água no Alto Oeste Potiguar


A obra do Canal do Eixo Norte do  Projeto de Transposição do São Francisco que atenderá a população da região Oeste Potiguar foi considerada menos importante para a maioria de nossos parlamentares. Não vamos ter Emenda de Bancada para nosso problema da falta d'água.

Parabéns aos deputados e a Senadora Fátima que defenderam uma Emenda para o Canal do Apodi: Fátima Bezerra, Zenaide Maia, Rafael Mota e Jácome. Mesmo derrotados, conseguiram mostrar respeito por uma região que vive sem água.

É incrível como o Oeste Potiguar vale pouco para alguns parlamentares. A maioria dos deputados e dois senadores desonrou a nossa região.

Natal já leva quase todos os recursos oficiais do RN. E até as emendas têm que ir para a capital, para a BR 101, para a entrada da Av. Maria Lacerda. Tudo dinheiro do RN vai sempre para os ricos da Zona Sul.

A sede de milhares de pessoas do Oeste Potiguar quase nada vale para a maioria de nossos parlamentares.

É triste ver como valemos muito pouco. Toda região vai ficar calada? Essa questão não é partidária. A sede é de todo mundo, pobres e ricos, dos verdes e dos vermelhos, dos amarelos, dos azuis e dos brancos.

Mas todos os parlamentares indiferentes ao problema da água no Oeste Potiguar poderão ser eleitos com votos do povo dessa região. Devem ser eleitos. Pode escrever.

Não é de graça que vivemos há muito e muito tempo ignorados, melados na lama, com um problema do século XVII. Desrespeito e falta de bom senso. Com certeza, os recursos em  ruas e calçamentos têm prioridades para outras intenções. Nossa região poderia unir todas as bandeiras e dar uma resposta de vergonha a esses representantes quando viessem pedir o voto do povo do Oeste Potiguar.

O texto é do Professor Gilton Sampaio de Souza - CAMEAM/ UERN Pau dos Ferros

domingo, 15 de outubro de 2017

O DIREITO DE SER “ÍNDIO”

A canção “Sangue Latino”, umas das mais marcantes composições da icônica banda brasileira Secos e Molhados, ilustra bem a pesarosa realidade vivida pelos povos deste subcontinente, em particular a árdua condição de ser índio. Desde que os europeus chegaram ao continente americano, os povos indígenas foram lançados à luta pela sua sobrevivência, física e cultural, sendo sempre tratados como inferiores, pensamento esse que ainda persiste, gerando estereótipos e preconceitos que prevalecem na mentalidade grande parte da população.

Quando aqui se estabeleceram, os portugueses logo recorreram à mão de obra dos povos nativos. O indígena, não inserido na lógica mercantilista do colonizador, passou a ser visto como “preguiçoso” e “ineficiente” pois não compreendia o exercício do trabalho como acúmulo de riqueza e sim como atividade necessária para a sua sobrevivência (caçar, pescar, plantar, coletar, etc.) A ideia do “índio ocioso e vadio” ainda é muito comum na nossa sociedade, a tal ponto da muitas pessoas afirmarem que os índios são “sustentados” pelo Estado, pois este lhes provê uma série de “privilégios”, como a demarcação de terras. Tal afirmação, que soa minimamente absurda, contraria todos os princípios indígenas de resistência e autonomia. As demarcações de terra são nada mais que o reconhecimento de uma posse territorial milenar, usurpada pelos colonizadores e posteriormente pelos agropecuários, sendo uma legítima reparação de uma dívida histórica para com a coletividade indígena, assim como as cotas étnicas.   

 Um estereótipo muito comum é a ideia de encarar os índios como um povo homogêneo. Levar tal proposição em consideração é alarmante pois significa desprezar uma pluralidade de culturas que abrange mais de 300 idiomas, que carregam diversas tradições e conhecimentos e riquíssimas expressões artísticas. Muito comum também é a noção de “desindigenização”: muitas pessoas argumentam que os índios “estão deixando de sê-lo” pois já não vivem mais como os seus antepassados, falam português, possuem acesso à tecnologia e ingressam nas universidade. Ora, todos podemos evoluir. Por que negar ao indígena esse direito? Ainda possuímos a arcaica visão de que um índio para se assumir como tal necessita adotar o estilo de vida pré-colombiano, o que é uma grande falácia.

 A perseverança da ideia que a sociedade indígena é ultrapassada e retrógada, enclausurada em si mesma, leva a malfadada ideia de que os povos indígenas não podem contribuir para a sociedade. A afirmação é refutada pela nossa própria vivência cotidiana na qual constatamos a influência indígena em diversos aspectos, como na alimentação (comemos milho, mandioca, peixe, etc.), nos hábitos (dormirmos na rede) e na língua (muitas palavras possuem origem indígena). Muitos conhecimentos, sobre doenças, ervas medicinais, plantas, animais, geologia, clima, entre outros estão presentes nas tradições dos povos nativos. Belíssimas histórias, poemas e epopeias estão presentes nas centenas de línguas. Tudo isso demonstram o precioso legado indígena à sociedade brasileira, o que não exime os índios de contribuírem ainda mais para o desenvolvimento do nosso país, provando que estes não constituem uma civilização “inferior”.

  Inegável é a importância do indígena na formação e desenvolvimento do povo brasileiro. Durante séculos, este foi marginalizado pelo Estado e pela sociedade, constituindo uma das minorias que mais sofreram com a indiferença do poder público e o preconceito generalizado na sociedade, dificuldades que ainda enfrentam. É imprescindível que se realce a positiva influência do índio no nosso país, retificando assim a distorcida visão sobre a cultura indígena fomentada desde a colonização, em que o índio vem lutando pelo direito de “ser” índio. Reconhecer a multiculturalidade do Brasil é reconhecer que o povo brasileiro é uno na diversidade.   

O texto é de Pedro Duarte Costa 
Aluno do 2º ano de Eletrotécnica do IFRN - Campus Mossoró.