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sexta-feira, 12 de agosto de 2016

(POLÍTICA) Leitura de mundo no período eleitoral: uma atitude indispensável

                                      Imagem extraída do seguinte endereço: http://iracemacorreia-desabafo.blogspot.com.br (2015)

Faço um convite ao leitor deste texto para analisar de uma forma mais profunda a frase escrita pelo grande mestre Paulo Freire "A leitura do mundo precede a leitura da palavra" no livro A importância do ato de ler (1981). A escritura parece se direcionar apenas a educadores, e é, quando se olha de forma restrita, limitada ao contexto da escola. Mas, quando a direcionamos à realidade vivida pelo sujeito em suas relações sociais percebe-se sua amplitude. 

Parece-me pertinente pensar na ideia de se alertar os sujeitos dentro de suas realidades concretas, onde se misturam as diversas circunstâncias reais de vida nas quais se envolvem as diversas temáticas associadas não somente à educação, mas também às histórias de vida, à política, à economia, à inserção social  e ao mercado de trabalho e à vida dentro de um mundo e seus contextos particulares. 

Quando o referido autor faz essa afirmação, em seguida vai apresentando argumentos que nos fazem compreender e interpretar que é necessário, ou seja, indispensável que nós, enquanto seres sociais, tenhamos o cuidado de ler primeiro o mundo, para depois lermos o que está escrito. Isso significa atentar para a ideia de que precisamos ler o mundo com maior profundidade, para podermos ler e aceitar com maior credibilidade o que os outros nos disponibilizam em seus discursos. 

Não se trata de se prender em observar o comportamento do outro diante de suas atitudes mais naturais. A afirmação de que á um vínculo entre o uso da linguagem e a realidade em que cada um de nós está inserido é muito clara: "Linguagem e realidade se prendem dinamicamente" (FREIRE, 1981). E alerta-se para a profundidade de tal fato quando se fala de alguém que assume a posição de "sujeito político", onde o autor destaca a exigência de saber fazer uma leitura crítica do mundo e do uso da linguagem escrita e falada. Seria, portanto, o ser humano, enquanto sujeito social, está atento ao que lhe diz respeito enquanto pessoa que vive, sobrevive e depende de decisões que vão além de sua vontade, mas que estão imersas nas realidades que se delineiam a partir dos poderes constituídos para o corpo social, através de uma eleição, por exemplo.

Um olhar mais reto sobre essa questão nos leva a associar, por exemplo, o tempo atual em que se vive uma realidade bastante crítica na política nacional, mas que ao mesmo tempo desponta uma campanha eleitoral que empoderará pessoas e partidos nos cargos executivos e legislativos municipais. É observável que há muitos discursos sendo ensaiados, muitas pautas sendo colocadas a público, muitas bandeiras sendo levantadas e também muitos conflitos sendo formados. 

Uma realidade que precisa ser lida, compreendida e interpretada, não apenas pela superficialidade dos interesses particulares e muito menos dos grupos que formam um partido ou uma cor, mas por uma leitura de mundo que permita uma reflexão mais profunda sobre a posterioridade, uma vez que as escolhas feitas serão as que estarão à frente do poder durante quatro anos. 

Enfim, questões precisam ser formuladas e respostas ensaiadas: 

Quem sou eu? Que classe social ocupo? Qual a minha dependência das políticas enquanto sujeito inserido em um município? 

Que escolha faço? A que satisfaz minha necessidade momentânea ou a que não preenche meus requisitos, porém, é mais viável para todo o contexto do grupo social no qual estou inserido? 

Os candidatos que vou votar são novos ou têm experiências? 

Se novos, como vivem? Com quem vivem? Que ideologia seguem? Qual seu comportamento social perante o mundo e a diversidade presente neste? 

Se são experientes, o que disseram em seus discursos foi cumprido na prática? Ou eles prometeram e cumpriram? Ou ainda, não prometeram, mas fizeram, mesmo sem nunca prometer ou se comportaram de forma duvidosa quanto questionados sobre o assunto em seus mandatos anteriores? 

Estas e muitas outras questões são imprescindíveis para que se chegue a uma leitura do mundo eleitoral que desponta nos próximos 50 dias. Nada disso pode ser vinculado à ideia da simpatia que se baseia no marketing elaborado para cada um dos candidatos. É preciso perceber se a imagem criada para o período pertence mesmo à pessoa que vai cuidar do nosso patrimônio.


Por Mônica Freitas 

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